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quinta-feira, novembro 27, 2008

CLOSET


42




Ali ainda se admirava no espelho em sua nova simetria quando uma gritaria adentra a loja. Cinco pessoas com purpurina nos lugares mais diversos – entre elas três nuas – carregam uma mulher desmaiada. O homem-caralho se agarra nos cabelos imaginários e pergunta:

- Que que tá acontecendo?
- Ela tava fazendo strip e desmaiou.
- E?
- E o que?
- Por que vocês trouxeram ela pra cá?

Eles colocam a mulher na cadeira erótica. Ali vê de relance uma camiseta que já tinha visto em algum lugar.

- Como não tem hospital por perto a gente pensou...
- Não, vocês não pensaram.
- Aqui é uma sex shop, deve ter alguma coisa pra reanimar ela.
- Tipo o quê, minha nossa senhora de boy george?

Ali reconhece também uma cor de cabelo, um anel prateado, um formato de mão. Tem vontade de vomitar alguma coisa roxa.

- Sei lá, um desses óleos, uma dessas coisas que vibram.
- Um plug anal...
- É, um plug anal.

Por uns 30 segundos todo mundo se olha num estado de total perplexidade. O russo que entrou carregando a desmaiada perde a paciência.

- Faz alguma coisa homem-caralho!

Ele instantânea-automaticamente reage, anda pela loja balbuciando coisas sem nexo e pegando embalagens.

- Cânfora, gel a base de água, pilhas, borboletas, presilhas de mamilo, silicon fist... Não, isso depois quando eles forem embora.

Ajoelha ao lado do corpo e levanta a camiseta dela. Tem algo escrito no tórax. Uma das peladas lê.

- Fuck me Ali?
- Quem é Ali?
- Sou eu.

Diz uma voz fininha e trêmula que vem lá de trás, alguém que eles não tinham notado antes. Ali olha pro vendedor e aponta o strap on.

- Sério? Você tá me gozando.
- Homem-caralho, rápido, a moça aqui!
- Ok, calma, calma. Preciso de um canivete.
- Serve uma tarracha de brinco?
- Serve.

Usando a tarracha como chave de fenda e mais os objetos que catou pela loja ele constrói um desfibrilador.

- Clear!

Thump! Dá um choque em Melissa, que acorda e o esbofeteia. Depois olha em volta devagar, um por um, até chegar no tripé.

- Ali.
- Você tá bem?
- Vem cá.

Ali vai até o lado dela. A cabeça do dildo encosta na sua bochecha. Eu disse bochecha.

- O que é isso?
- Meu joelho. O que aconteceu com você?
- Boa pergunta.

Os outros explicam.

- Ela tava fazendo strip tease de all star, não é seguro.
- Não mesmo, minha amiga matou um cliente uma vez.
- Sério?
- Enforcado no cadarço.
- Horror.
- Ali, me leva embora.
- Vem.

E pro vendedor da loja:

- Obrigada, homem-caralho.

***

terça-feira, novembro 25, 2008

CLOSET


41




Melissa está oficialmente deprimida. Mas também ficar com pena de si mesma não resolve nada. Ela sai. Sai depois de acordar com a testa apoiada no câmbio do carro no final de uma noite de mau sono, sono de vinho, e os números das marchas não saem da sua testa. Cremes e penteados não resolvem. Decide que vai assim mesmo e se alguém perguntar o que são aquelas marcas vai explicar que é uma enviada do demônio. Ela sinceramente acreditava que era.

Volta ao bar onde viu Renée, ou seria René? Compra luvas cirúrgicas pra tocar nas gorjetas. Joga fora. Fodam-se as milhões de bucetas por onde essas notas já passaram. O que de horrível poderia acontecer com ela? O que de mais horrível? Não sabia se tinha deixado toda sua vida pra trás ou se o contrário.

Ela assiste ao show bebendo vodca e de ipod. Não tem a menor idéia de qual música René(e) dança. Ela ouve Radiohead. I get eaten by the worms and weird fishes. Uma pessoa dança, nunca vai saber se é homem ou mulher, mas a pessoa a reconhece. Por mais que se preocupe em não desprezar a escolha da música para a performance, o que ela precisa ouvir agora é isso, why should I stay here, why should I stay.

Ela pede incontáveis doses e no fim entrega sua carteira pro garçon e diz que não sabe mais o quanto vale nada e que lhe traga toda a bebida que puder pagar.

Aí René(e) desce do palco, arranca um fone (quase com sua orelha direita junto) e ouve. Depois de uns 10 segundos avança a música e coloca de novo no ouvido dela. Thom York ainda canta I hit the bottom and escape.

René(e) tira de um de seus buracos outro ipod, coloca os fones em Melissa, que a essa altura enfiaria até um OB na orelha sem perceber, e ela ouve outra música, muito mais calma, com uma voz doce que diz: it's the ending of a play, and soon begins another, hear the leaves applaud the wind.

René quase amputa sua orelha esquerda retomando o fone e diz:

- Vai embora.

Melissa sai se sentindo ainda pior por não ter conseguido nem ao menos uma noite de sexo destrutivo.

No caminho passa por várias casas de strip, sexo explícito, esse tipo de comércio. Numa delas um sujeito enorme de terno fala com ela. Sempre esses sujeitos enormes de terno, eles são as pessoas mais preconceituosas do mundo.

- Oi moça. Quer ver umas garotas sem precaução?
- Opa se quero.
- De você não cobro nada.
- E quanto paga?
- Aí não tô podendo.
- Posso pelo menos subir no palco?
- Ah pode.

Ele fica com um sorriso safado e Melissa se apaixona por ele.

- Quando eu sair a gente pode casar?
- Sou casado.
- Eu te ajudo a comer sua mulher.
- Feito.

E entra.

É igual ao lugar que René(e) dança, exceto pelo fato de que não têm René(e). Ah, e Melissa não tem dinheiro. Um garçon vem pegar seu pedido.

- Moço, adoraria, mas deixei minha carteira no Porky's.
- Bebe vodca?

E pisca. Melissa diz que sim com a cabeça e se apaixona pelo garçom. Quando ele traz a vodca ela pergunta:

- Quando o show acabar a gente pode casar?
- Putz, mas você já é mulher do porteiro que eu sei.
- Eu te ajudo a comer ele.
- Então tá.

O show não começa, já está rolando, e Melissa olha pensando que aquelas mulheres não sabem de nada. Ela levanta pra dar uma volta, pára na cabine do DJ e fica com o queixo apoiado no cotovelo olhando pro disco girando. A música é péssima mas não dá pra reparar porque a qualidade do som é pior. Melissa começa a repetir pro disco:

- Tudo não passa de barulho, tudo não passa de barulho, tudo não passa de barulho...
- Eu sei, love, mas aqui ninguém suporta silêncio.

Era o DJ sem um dos fones, que na verdade era uma DJ sem um dos fones. Melissa se apaixona pela DJ sem um dos fones.

- Quando você terminar de tocar, a gente pode casar?
- Mas eu sou mulher.
- Eu te ajudo a me comer.
- Eu não como mulheres.

Melissa fica chocada. Sobe no palco e grita:

- DJ, toca Erotica!

A DJ toca. Ela começa a tirar a roupa. Mas comete o erro mais grave de uma stripper principiante. Tenta tirar o all star (ok, uma stripper de all star, tipo pior que o erro mais grave de uma stripper) sem amarrar e pulando num pé só. Cai do palco, bate a cabeça no anel dourado de rubi de um russo que estava assistindo e achando lindo e desmaia.


***

quarta-feira, novembro 19, 2008




e eu estava exatamente, não metaforicamente, eu estava EXATAMENTE do outro lado da rua, sem nem saber o que se passava, tranquilamente tomando uma cerveja. perdi peitinho.

segunda-feira, novembro 10, 2008

CLOSET

40



Ali acorda horas depois com as costas doendo, encostada na árvore. Espia o carro. Melissa dorme no banco do motorista, a boca aberta, ainda segurando a garrafa. Ali fica eternecida e foge enquanto é tempo.

*

Em casa dorme mais duas horas na cama. Acorda com Pedro chegando. Ele tenta perguntar o que tinha acontecido mas ela não responde. São 11 da noite. Ele dorme. Ela sai pensando que precisa comer Melissa. Estava escrito.

Ela sabe pra onde está indo, embora não saiba que sabe. Mas a uns 50 metros já percebe a placa e é hora de tomar a decisão. Tem tanta gente na rua que ela acha que não vai ter coragem. Agora faltam só três passos. Foda-se. Ali entra na sex shop.

Uma prateleira cheia de vídeos com mulheres em fotos degradantes não é exatamente uma imagem de boas vindas. Ela procura o corredor mais afastado do balcão central. Vibradores. Olha todos. Tenta ganhar tempo pra se acostumar ao ambiente. Fica meio puta. Por que vibradores são todos tão feios? Passa pra sessão dos dildos. E entende. Nada que é baseado num pau pode ser estéticamente bonito. Pau é uma coisa funcional.

Olha pro lado e vê as bucetas artificiais. Não muito melhor. Mas pelo menos não sacodem.

- Posso ajudar?

Ela pula. Ao lado dela tem um caralho de 1m70. Quer dizer, um homem magro e alto e sem pelo algum. Ela pensa que um cara desses deveria ser proibido de trabalhar numa sex shop.

- Não, obrigada, tô só olhando.
- Ok.

Ele vira.

- Moço, quer dizer...
- Sim?

Gente o que ela vai dizer?

- Eu preciso de ajuda.
- Às suas ordens.
- Mas não sei se você é a pessoa certa. Sem ofensas.
- Não estou ofendido. O que você procura?
- Eu...

Ele nada.

- Eu...

Ele teria levantado a sobrancelha se tivesse. Ali se entrega.

- Eu preciso comer uma moça.
- Claro.

Com ela atrás pensando "como assim, claro?" ele anda até o outro lado da loja e abre um armário de vidro. Tira um plástico com tiras de couro dentro.

- Eu poderia te vender os mais caros que já vem completos, mas esse cinto aqui é muito mais confortável. Sente esse couro.

Ali quase tem nojo de tocar nas coisas. Mas pensa que elas ainda não foram usadas. Sente o couro. Realmente macio.

- Esse harness não foi desenhado pra filmes pornôs. Foi desenhado pra mulheres de verdade.

Tudo isso acariciando o material com o indicador e o dedão. Ali se sente numa loja de tecidos.

- É pra você?
- Hm?

Mas que pergunta.

- Pra você?
- ...
- Você que vai vestir o cinto?

Ela não sabe o que responder. Mas acha que sim.

- Acho que sim.

Ele olha pra cintura dela, que não sabe onde se enfiar. Não quer pensar na palavra enfiar naquele estabelecimento.

- Não tenho certeza se P ou M.
- Hã?
- Olha.

Ele veste o harness por cima da calça e começa a puxar tiras. Ali está à beira de desistir. Nunca pensou que sex shops tivessem vendedores. Achava que era uma coisa mais privada, sei lá, com cabines pra pagar e vidros espelhados pra esconder a pessoa do outro lado. Ou funcionários invisíveis.

- Esse é M, fica certo em mim. Tem que ficar firme principalmente na coxa senão o dildo escapa e pode causar o efeito estilingue.
- Efeito estilingue?

Na mesma hora que as palavras saem ela se arrepende.

- Sim, o dildo fica dentro da moça e estica as correias, e quando você puxa o quadril ele volta com força, aí na hora de enfiar de novo erra o bur...
- Tá, tá. Me dá um M.

Ele analisa ela de cima a baixo com a mão no queixo.

- Melhor você experimentar. Toma.

Entrega o cinto pra ela que não se mexe.

- Ah, espera.

Ele corre a um canto da loja e volta abanando um caralho enorme e rosado.

- Cyberskin!

Sob o olhar horrorizado de Ali ele encaixa o dong no cinto e ajuda ela a vestir.

- Olha como caiu bem em você.

Se olhando no espelho cercado de algemas ela pensa "eu tenho três pernas".

***

domingo, novembro 09, 2008

CLOSET


39


A menção do nome de Melissa, a menção de estar comendo Melissa desarma Ali. Ela troca o peso de perna e perde o foco dos olhos. Pensa em comer Melissa, pensa como é sentir ela em sua mão e aí - e aí - e aí?
A mão que estava na testa desce pra boca e ela quase tem vontade de rir mas se controla, e o riso á a única coisa que ainda controla. Treme dos pés à cabeça, não sabe pra onde virar, não sabe mais nada.

O que ela vai dizer? Pra quem não consegue pensar em nada além de sexo ela até que se sai bem. Afinal, é advogada.

- Eu acho que vocês foram longe demais.

Glen inclina a cabeça maternal. Ali não sabe o que fazer e em que posição parar. O certo seria ir embora. Mas ela não vai. Inexplicavelmente.

- E se você não tivesse encontrado Melissa? E se não tivesse tido a clareza de reconhecer o que sente por ela? E se você não tivesse se encontrado?

Ali arregala os olhos. Sai da sala. Anda pelos corredores meio desorientada. Acha a porta da sala Amélia Truewoman. Entra. Olha tudo aquilo girando ao redor dela, a pia, o homem, o som do bebê chorando. Sente um aperto no peito, uma ânsia e uma vontade de gritar e correr. Não havia nada de errado com a cena. Havia com ela.

Corre, pára na frente do escritório de Glen e Roberta. Pela fresta consegue ver as duas lá dentro, na mesma posição, sem se falar. Ainda não. Ainda não tem coragem de entrar. Vai embora, deixa o prédio, caminha até o camping onde Melissa mora. Ela mora num carro, Ali sorri chorando, num carro. Se esconde atrás de uma árvore e espia o amor da sua vida em seu lar.

A porta do carro abre e Melissa cai com a testa no chão. Levanta meio tonta, vestindo um jeans 5 tamanhos maior que ela, uma camiseta amarela velha, um rabo de cavalo torto, despenteado. Melissa pega no carro uma garrafa de vinho, senta no chão encostada na roda e bebe do gargalo. Ela sacode o pé e canta, muito mal. Bebe de novo. Gole grande demais, escorre pelo queixo, pescoço, mancha a camiseta. Ali tem vontade de lamber, mas decide ficar só olhando aquele momento íntimo. Sente que está traindo a confiança de Melissa, que não sabe que está sendo observada. Acha que deve ir embora e preservar a privacidade dela. Mas não consegue.

Ela vê a cena como se fosse um sonho. Melissa ajoelhada se estica pra dentro do automóvel e liga o som. Toca Suede, Everything Will Flow. Ela começa a dançar. Completamente bêbada, com a garrafa na mão, sem sapatos no chão de terra. Tira a camiseta. Bebe mais vinho. Derrama mais vinho. Gotas escorrem pelo tórax, pelo braço. Ela lambe o próprio antebraço. And everything will flow. Como as gotinhas vermelhas que descem pela sua pele e entram pela sua calça. Ela outra vez se estica pra dentro do carro. No meio do caminho se desequilibra e cai. Volta, cambaleante. Insiste. Pega algo de trás do banco. Uma caneta, dessas de escrever em CD. Dança com ela. E escreve no próprio corpo. Fuck me Ali.

Ali que já estava excitada com a dança faz uma poça no chão atrás da árvore. Abre a calça e pensa que sua mão é de Melissa. No fundo é. Toda ela é. Goza com Melissa, sem saber, dentro dela.

sexta-feira, novembro 07, 2008

CLOSET

38




Ali olha de um sorriso pro outro sem entender. Roberta nunca fala nada mesmo. Glen se delicia um pouco na confusão da outra antes de explicar.

- Você, Ali, todas vocês, estão aqui por uma razão.
- Claro. Por que somos boas advogadas, recomendadaS por professores respeitados, com boas notas em boas faculdades.
- Também.
- Também?

Em lugar de falar Glen só concorda com a cabeça. Roberta se reacomoda na poltrona. E com sua voz grave emite algumas das poucas palavras que já se ouviu dela.

- Eu vi primeiro.
- O que?
- Você está aqui por minha causa.
- Eu estou aqui por recomendação da Professora Joyce Gillian Davis, ela me deu uma carta e eu vim pessoalmente trazer meu currículo.
- Professora Joyce é uma grande amiga.
- Você pediu que ela me recomendasse?
- Não que você não fosse qualificada...
- Puta merda...

Ali levanta puta e sai da sala. Depois de meio minuto ela volta furiosa.

- E por que diabos você fez isso? Manipular minha carreira assim?
- Você não queria trabalhar aqui?

Ali ameaça mas não fala, só consegue sacudir a cabeça desesperada. Glen ajuda.

- A Closet é uma firma reconhecida, uma das melhores do mundo, não é que seu currículo esteja manchado agora.
- Mas eu estou sendo demitida!
- Você ainda não entendeu, né?
- Ah não entendi mesmo.

Ali põe as mãos na cintura, um gesto que sempre deixa Roberta um pouco irritada. Pra não perder a paciência ela acende um cigarro de cravo. Na primeira baforada Glen vomita no balde de lixo. Pega na gaveta uma mini-embalagem de Listerine, bochecha e cospe no balde. Roberta apaga o cigarro contrariada.

- Como eu estava tentando dizer, eu vi você e tive certeza que era perfeita pra trabalhar aqui.
- Teve certeza como?
- Eu estava dando... Uma palestra na sua faculdade e você fez perguntas muito inteligentes.

Ali tenta lembrar.

- Sem em nenhum momento tirar os olhos do decote da minha assistente.

Ali de repente lembra mas decide fingir que não. Só que fica vermelho gabriela.

- Não sei do que você tá falando.

Ali cruza os braços, gesto que irrita Roberta. Ela acende um charuto dessa vez pra se controlar. Glen repete o momento bulimia-lixo-listerine.

- Segui você depois. Você foi assistir ao jogo de futebol dos rapazes.
- E?
- Todas as garotas do campus babando no time dos sem camisa.
- E?
- E você lendo Anais Nin na arquibancada.

Ali lembra de tudo. Mas o que tem de errado em ler Anais Nin na arquibancada de um jogo de futebol, ela nem gostava de futebol?

- E o que tem de errado em ler Anais Nin na arquibancada de um jogo de futebol, eu nem gosto de futebol?
- Dois dias depois eu voltei ao campus e você estava jogando futebol...
- Você não empregou as outras garotas que estavam jogando.
- E você corre, dribla, faz embaixada, mata no peito, entra na dividida, cai no chão, levanta com a cara suja de grama e nem limpa, chuta da perna ir quase na testa e na hora de voltar pra defesa caminha com as pernas abertas.

Ali não acredita no que está ouvindo.

- Cospe no chão.

Glen solta uma risada. Ali sai da sala de novo puta.

E volta trinta segundos depois.

- Olha, eu não tenho a menor idéia do que vocês estão falando.
- No vestiário todo mundo tomava banho de porta aberta e você não, depois se vestiu debaixo da toalha sem tirar os olhos dos azulejos do piso.
- Que diabos isso tem a ver?
- Você estava cantarolando aquela música horrenda da Calcanhoto, do Erasmo, no chuveiro, nem que seja eu, bla.
- Pfff.
- Você rói as unhas. Você usa calcinha larga de algodão.
- Pára.
- Você joga golf. Você joga tênis.
- Chega.

Ali põe a mão na testa, gesto que irrita Roberta. Gestos irritam Roberta. Ela acende um cachimbo. Glen acende um baseado.

- Você joga basquete, beisebol, sinuca e truco.
- Todo mundo...
- Não, nem todo mundo.
- ...
- Você está comendo a Melissa.

Olhos. Só olhos.

terça-feira, novembro 04, 2008


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