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sexta-feira, fevereiro 20, 2004

MAIS DE MIL SAPATAS NO SALÃO

Confetes e serpentinas voavam pelo salão. Confetes pra lembrar seus olhos, verdes-morto. Serpentina para lembrar o movimento da sua língua, longa e lenta (lambilenta, drummond?) A Pierrot-mossexual andava desconsolada, com vontade de não viver, derretida, arrastada no rabo de um trem humano. Ia sufocando a dor numa manga de camisa cheia de lança-perfume, inalando até a luz se apagar, nem que por alguns segundos, porque embora parte da fantasia, a lágrima era verdadeira. Abandonada por sua Colombina, a pombinha hetero que por um momento a confundiu com o homem da sua vida, mas que depois desistiu, foi pra lov.e, tomou ecstasy demais, demais, mais do que seu pobre corpinho poderia aguentar e se rompeu por dentro, como agora fazia o coração da Pierrot-mossexual. Mas tudo bem, agora é carnaval, a banda toca uma marchinha antiga e a moça do trombone parece ostentar uma bela embocadura e fôlego para permanecer vários minutos sem respirar. Vou lá meter a boca, pensou, que hoje a quarta-feira é de cinzas, mas o próximo feriado é sexta-feira da paixão, é preciso fazer o trem andar e varrer os copos vazios, os lenços usados e os mil palhaços deste salão.

O sapatinha porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu
Foi a paquera que caiu na pista
Cheirou um ecstasy
Depois morreu

melancolicamente,


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