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quinta-feira, março 18, 2004

 

A VELHA BAIG


Chegamos à casa da velha Baig no começo da noite. Tivemos que fazer duas viagens no elevador porque a Velha Charlotte estava de andador e a Velha Jelly não largava a sacola dos anões de jardim. Tocamos a campainha e ouvimos lá de dentro:

- Miiiiiniiiiiiiiiii! Miiiiiiiiiiniiiiiiii abre a porta! Miiiiiiiiii!!!!!!!

A Velha Baig abre a porta. Aquele enorme cabelo enroladinho todo branco, platinado. Um chinelinho de quarto com um pompom em cima. Uma cueca samba canção de seda. Hering Branca, claro. Um robe de lutador de box, dourado. Um martini e um cigarro entre os dedos. Um velho oculos Jackie O que ela não tira desde que fez 70 anos.

- Meninas, entrem, vamos sentando, desculpe a demora, é que eu tava procurando a M.M. (as iniciais da sua parceira foram trocadas pra proteger a privacidade da dama), mas desde que comprei este tapete fofo nós quase não nos encontramos. Alguém me ajude a dar uma sacudida pra ver se ela cai dali de dentro? Mas sentem, sentem, peguem uma bebida, ai, tá na hora do meu remédio pra pressão, alguém quer um comprimido?
- Baig, isso é um ecstasy.
- SHhhhh! É pra pressão!

A velha Baig passa seus dias recebendo pessoas em seu apartamento de cobertura em higienópolis. Artistas, ricos, pobres, modernos, entregadores de pizza, jogadores de futebol, DJs, traficantes de remédio pra pressão, modelos, estilistas, coreanos falsificadores, rabinos, estudantes, novos, velhos, animais, superdotados, bissexuais, instaladores da Net, absolutamente todo mundo que passa por aquela porta acaba entrando e ficando. Todo mundo reunido em harmonia, tomando drinks à beira da piscina, se automedicando e ouvindo um som da velha Barbie, que graças às suas mãos trêmulas está cada vez melhor nas picapes.

saudosistamente,


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