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terça-feira, março 16, 2004

IDENTIDADES SECRETAS - A VIDA IMPUBLICADA

Andava com os lábios tão apertados quanto o coque. A roupa era meio verde, meio marrom, meio de lã. Não sei se era verão ou inverno, o mundo lá fora não tinha a menor influência no ecossistema do apartamento dela, mantido em isolamento por milhares de bibelôs, partituras e um ar denso de poeira. Janelas fechadas. Um piano. Umas 4 vezes por dia, algum jovem estudante de música silencioso, tímido, amendrotado.
As 19h saía o último aluno e o som do silêncio ficava insuportável. Nem sempre era possível comer sopa, ver novela, dormir ali. Então ela soltava o coque, fazia uma escova rápida no cabelo escuro, punha uma camisa de seda, uma maquiagem leve e ia pra TV Globo apresentar o Jornal Nacional.

padronizadamente,


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