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terça-feira, março 02, 2004

THE LÉS FILES
(Ou, Arquivo XX)

Dana Escolhe e Kay Scarteta, depois de algum tempo tentando se infiltrar no Café Vermonstro, desanimam e desistem da operação disfarce. Analisam incansavelmente as provas, as fotos da cena do crime e não encontram nada. Entrevistam milhares de pessoas do Vermonstro e não conseguem uma única pista. É como se a vítima não existisse e muito menos o assassino. Quarta-feira, 1 da manhã, as duas estão no apartamento de Dana comendo pizza de frango com milho, fotos de um corpo despedaçado jogadas sobre a mesinha de centro, num quadro tão desolador quanto o estado de espírido das duas.

- Se ao menos a vítima fosse passiva...
- Como assim?
- Ela poderia ter as unhas compridas e poderíamos coletar material genético resultante de uma luta, debaixo delas...
- Tem razão... Mas nem isso. Bom, conforme-se, Kay, talvez este caso realmente não tenha solução.
- Ultimamente, nenhum dos meus casos tem solução. Mas nunca pensei que isso fosse acontecer no meu trabalho.
- Sua vida pessoal é assim porque vc deixa. Vc se auto-sabota, Kay.
- Pode cortar este papo Freud-Jung-Luma de Oliveira, Dan.
- É verdade. Por que mais seus casos não dariam certo? Você é uma mulher independente, inteligente, bem-sucedida, interessante, doce e incrivelmente sensual e bonita!
- ...
- ...
- Kay, desculpe, eu preciso falar disso.
- Melhor não, Dan.
- Eu não posso mais.
- Não é o momento, Dan. Tem um cadáver na nossa mesa de centro, e ele precisa de toda a nossa dedicação.
- É por isso, Kay.
- Isso?
- Isso. Assim nunca nada vai dar certo. Vc ama mais estes corpos mortos do que as mulheres vivas que estão ao seu lado, implorando por um pouco de atenção.
- Dana, chega!
- Só queria dizer mais uma coisa. A última.
- Acabe logo com isso.
- Eu consigo reduzir meu metabolismo de forma incrível, até ficar gelada, quase sem pulsação e bem paradinha. Só no caso de vc, sei lá, um dia, pensar a respeito.

Kay ri. Acende um cigarro. Lembra que não fuma e apaga. Na sola do próprio pé. Sorri de canto. Joga o cabelo pra trás. Olha nos olhos de Dana. Coloca a ponta do seu dedo a ponta do nariz daquela ruiva séria, que agora está transtornada no sofá da sua sala. No sofá que, de tão rasgado, está coberto por uma manta. Kay ri de novo e diz.

- Quem sabe um dia, Dan. Quem sabe um dia.

Sobe a música. Biafra. Voar, voar, subir, subir...

dramaticamente,


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