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quarta-feira, abril 14, 2004

THE LÉS FILES
(ou Arquivo XX)


- Esse é li.nga bheda ja.ngalI paradeshI, diz a irmã de Kay apontando pra criança nua.
- Linga?
- li.nga bheda ja.ngalI paradeshI. Significa sexo selvagem com um desconhecido, em Hindu. Mas eu o chamo de Júpiter de Noo Gozo. Ou Jú.
- Jú. Oi, Jú. Ele é meu sobrinho?
- É sim. Eu ia chamar você pra batizar, mas esqueci ele na praça da República quando era bebê e só achei de novo semana passada. Ele foi criado por uma família de pombos. Acho que isso é um sinal que ele deve ficar pagão mesmo.
- Ele está comendo tocos de cigarro.
- Pois é, ele aprendeu com os pombos. Eu até pensei em não deixar, mas acho que seria meio traumático cortar todos os laços com a família que o amamentou, e tal...
- Pombos não amamentam.
- Ai, Kay, como você é preconceituosa, viu?

Dana estava quieta esperando uma brecha pra falar, que não apareceu, então interrompe meio impaciente.

- Com licença, eu acho que não vale a pena a gente brigar. Vamos direto ao assunto? Kay, trouxe as letras? E você, Janis Joplin, pode devolver o meu chakra agora? Obrigada, já estava me dando vontade de fazer xixi. Aliás, qual é o seu nome?
- Eu não tenho nome, eu sou uma força da natureza.
- Ela se chama Camilly Jennifer.
- EU NÃO TENHO NOME!
- Ok, já passou, vamos chamar você de Pessoa, a partir de agora - Dana continua tentando apaziguar.
- Prefiro Ser.
- Ok, Ser. É o seguinte. Houve um assassinato. Uma lésbica morreu estrangulada com uma pochete e seu dedo foi cortado. Investigamos tudo o que foi possível, mas não conseguimos descobrir nada. Estávamos desistindo quando alguém começou a nos mandar e-mails anônimos com trechos de músicas. Achamos que deve ter a ver com o crime.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Ser, eu e Kay não sabemos nada sobre MPB porque temos bom gosto, somos limpas e entendemos letras em outras línguas para o caso de ter que dedicar músicas. Então ela lembrou que você é uma especialista nessa área e poderia nos ajudar a interpretar as mensagens que temos recebido. Achamos que o remetente está querendo nos dizer algo com isso.
- Pode ser. Preciso pensar. Olhem o Jú pra mim que eu vou ao banheiro, o universo diz ao meu corpo que urine. Já volto.

Enquanto se dirige ao toilete, Ser pega no chão uma garrafa vazia dessas plásticas, de água. Vira pra trás. Avisa:

- Pra guardar meu fluido. É bom no café da manhã.

E sai correndo, costas da mão direita na testa qual Maria Bethânia, abrindo caminho entre os outros humanos.

recicladinhamente,



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