<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, maio 18, 2004

Castro está na sala de espera. Lê uma Caras. De vez em quando levanta os olhos para a recepcionista, que preenche fichas indiferente. Castro sorri e pensa no esforço que ela faz para não olhar. Castro pensa ser foda.

Toca o telefone. A Recepcionista atende. Diz ahan, vira para Castro e anda passar. Castro faz um sinal negativo com a cabeça, sorrindo e abrindo as mãos como quem diz “fazer o que, né”. Entra. A doutora, sem levantar cabeça, indica a cadeira em frente à mesa em que está sentada. Depois de terminadas as anotações, a consulta incia.

- Boa tarde.
- Boa tarde.
- Tudo bem?
- Ok, doutora, eu vou acabar com essa situação. Eu tenho um motivo para vir ao ginecologista.
- Eu imagino que sim.

Castro levanta-se, abre a calça, tira, levanta a blusa até cobrir o rosto revelando o peito enfaixado e diz:

- Eu sou mulher.
- Ok, calma, eu ia conversar um pouco com você antes do exame, mas pelo jeito você está ansiosa. Então deite ali.
- Ali?
- É.
- Com as pernas nas argolas?
- Sim.
- Você tá me tirando, doutora?
- ...
- Você acha que eu sou homem de ficar nessa posição de codorna antes de amarrarem as perninhas? Eu sou é espada.
- Mas a senhora não quer colher material o papanicolau?
- QUEM PAPA AQUI SOU EU E O NICOLAU QUE PEGUE NO MEU PAU! SÓ PORQUE EU SOU DIFERENTE JÁ SAI QUERENDO ME MARGINALIZAR? FUCK SOCIEDADE! FUCK MACHISMO! FUCK PRECONCEITO!
- !!!
- Mas falando em material, princesa, você me parece muito gostosa por baixo desse aventalzinho branco. Que tal eu fazer um exame de toque em você, beleza?

Castro foi expulso (a) do consultório a golpes de espéculo e desde então continua só no auto-exame, mas recentemente foi visto com uma tal de Cândida.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?