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sexta-feira, janeiro 13, 2006

MEMORIAS DE UMA GUEIXA QUE ESCOLHE
Parte 2
Sushi de Aniversario

Continuando a saga, ontem era sexta-feira 13 e nada de errado podia acontecer. Entao eu voltei ao Kinswomyn conforme combinado com Tomo.

Logo que eu cheguei, umas dez e meia da noite, ela me falou: OOOOOHHHHH, nakshtori tumimori akasaka meiji dori, ne? OOOOHHHHHHHHH!

E para suas amigas que ja estavam no bar: fujimori yashimeji brasiria carmero voreibor tim jaquerine OOOOOOOHHHHHHHHHH! E as amigas responderam: OOOOHHHHHHHHH!

Eu, da minha parte, so disse "biru, cudassai", que significa "cerveja, por favor", e foi nessa noite que fiquei fluente em pedir cerveja em japones.

Primeiro fiquei conversando com Ashita e sua namorada americana Wendy, que veio ao japao de ferias, se apaixonou por Ashita e ficou, trabalhando como garconete do Kinswomyn.

Depois conversei com Yuri, namorada da outra garconete que nao lembro o nome. Yuri eh atendimento da BBDO no japao. Muito fofa, doce e bonitinha.

Tambem conheci Mari, No e uma outra que nao lembro o nome, mas que me deu um autografo num flyer que divulga um show que ela faz numa boate. Acho que de drag king, mas pode ser de outra coisa. Biru, cudassai,

La pekas tantas Ashita me perguntou quantos anos eu tinha. Eu respondi que, na verdade, no dia seguinte iria fazer 34. E ela disse OOOOOOOOOHHHHHHHHHH. Ela tambem disse que tenho nariz grande, mas acho que pra ela isso era uma coisa boa.

Ai eu tava la tranquila com meu Biru, tentando me comunicar com as pessoas, having a good time, quando deu meia noite. As japonesas comecaram a soltar uns estalinhos, gritar, cantar parabens a voce em japones, abriram um champagne, serviram pra todo mundo no bar e fizeram um brinde em minha homenagem. Fiquei totalmente passada e emocionada. Aquilo virou uma festa, porque os japoneses bebem com perfeicao e aquela altura ja estava todo mundo alto. Aih, Tomo veio me dizer que a antiga dona do bar, Tara, que ja morreu, mas que era um idolo da cena lesbica, admirada por todos e venerada em toda a comunidade, fazia aniversario no mesmo dia que eu, e que tinha sido o destino que me levou ate la nesta data tao importante. Nesta hora todas no bar fizeram OOOOOOOOOHHHHHHHHHH e se curvaram em reverencia, e eu comecei a pensar que elas tavam me tirando de pequeno buda, tipo a reencarnacao do Lama Lesbico do Ni-chome. Mas lama, querida, tava apenas comecando. Biru, cudassai.

Sai de la umas 3 horas bem tonta. Na rua, Yuri me convidou pra ir com ela num bar ali perto, bem tradicional, mas que era legal. Eu pensei, vamos la, afinal eu to de ferias.

Andamos um pouco, entramos num edificio obscuro, subimos por uma escadinha estreita e escura e chegamos na porta do Yam, o tal do bar. Yuri abriu a porta, falou umas coisas em japones e me chamou pra entrar. Fiquei um pouco preocupada porque alguns lugares aqui nao aceitam estrangeiros. Mas Yuri falou que tudo bem e eu entrei.

Era um bar de uns 10 metros quadrados ou menos com umas 12 pessoas sentadas num balcaozinho bebendo e cantando. Era um karaoke lesbico. Biru cudassai, eu ficava esperando sair de algum lugar a Sophia Coppola com a Josiane Balasko e a Ellen Degeneres.

Neste tipo de bar, mais tradicional, junto com a bebida vem um pratinho de comida praticamente inidentificavel. Mas `aquela altura, tanto fazia panqueca de feijao como misto quente, entao eu tomei coragem, cerveja e comi. Tava ate gostoso. As pessoas do bar riam do meu jeito de lidar com os hashis.

Mais uns instantes e ouco outro estalo de rolha, abriram outro campanhe pra comemorar de novo meu aniversario. Eu praticamente nao conseguia mais beber nem fumar nem comer e ja estava praticamente falando japones mas nao podia recusar. Foi o champanhe mais horrivel que ja tomei, doce e com sabor de alguma fruta. Mas eu tive que beber uma taca inteira.

Yuri ja enrolava a lingua e ainda bebeu mais champagne e varios copos de uma bebida que mistura cha verde e saque. De cada 100 palavras que ela dizia em ingles (?), eu entendia umas 3, montava na minha cabeca uma historinha com essas 3 palavras e respondia. Mesmo assim, conseguimos estabelecer uma conversa seria.

Antes de continuar, uma breve descricao de Yuri: 27 anos aparentando 21, pequena, delicada, bonita, muito bem vestida, o tipo de garota que vc jamais diz que eh lesbica.

Voltando ao assunto, Yuri comecou a falar sobre a dificuldade de ser lesbica no japao, onde ate os 30 anos vc tem que casar e largar o emprego. Sobre nao conseguir contar pros pais. Disse tambem que amava a namorada, mas nao tinha certeza se a namorada estava satisfeita com ela. E disse que tinha um problema:

- Eu tenho maos muito pequenas.

Eu mostrei minhas patinhas pra ela e disse que tambem tinha. Ela disse:

- OOOOOOOOOHHHHHHHHHH, eh mesmo, sao tao pequenas, posso te perguntar uma coisa? Voce nao tem problemas no sexo?

Eu respondi que nao. Ela disse que se sentia insegura porque era ativa e ja estava usando 4 dedos na namorada mas ainda nao sabia se estava satisfazendo a garota. Eu pensei: ok, estou novamente tendo uma alucinacao.

Nao vou entrar em mais detalhes pra nao desvelar a intimidade de Yuri pra vcs, mas o fato eh que ela me perguntou absolutamente tudo sobre sexo entre mulheres brasileiras, e eu nao tive coragem de perguntar se o sushi era de assim ou de assim.

Acabamos a noite cantando todas juntas no karaoke. Elas escolheram uma musica da madonna, pra que eu pudesse cantar junto. Mas pra mim japones e o ingles delas eh a mesma coisa.

Fui embora as 5 horas da manha levando flores que ganhei de presente e hoje estou com a maior ressaca dos ultimos dez anos. Os japoneses sao as pessoas mais divertidas do mundo.

Amanha eu volto com mais memorias de uma gueixa que escolhe.

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