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sábado, junho 17, 2006

Aqui as pessoas são menos comunicativas entao eu levei 2 dias pra fazer amigos que me levaram a passear pelos inferninhos da cidade. Na verdade eu tive que recorrer a um truque sujo: ir a um bar bagaceiro e sentar no balcão. Não falha nunca. Depois de duas cervejas eu estava saindo de lá com Isabell (24), Claudia (42) e Germaine (60), todas redondinhas, uma de cada cor, parecia um pacote de MMs. (Antes que me condenem por fazer piada de gorda, isso não é piada de gorda, é piada de formato).

Fomos pro Rive Gauche. Veja bem, não é A Rive Gauche, é O Rive Gauche, que fica na rive gauche mas não é o que se espera de St German dês Pres.

Quando a gente chegou, notei o ambiente decorado por mosaicos de espelhos, uma obsessão da natureza lésbica que não consigo, simplesmente não consigo, entender. O som não tinha subwoofer, logo eu já sabia o que esperar do ambiente. Ao redor da pista, várias mesinhas, cada uma com um nome de mulher em cima. Não era tema do bar. Eram reservas. Em breve as donas das reservas começaram a chegar. O Gerard Depardieu poderia ser considerado feminino naquele ambiente. Tinha umas 4 ou 5 de pacotinho. Claro que ninguém chegava aos pés do Max, ainda falta uns 3 mil anos de evolução pra isso. Elas usavam calça branca e sapato de bico fino.
Mas justiça seja feita. Cada uma daquelas mulheres trazia consigo um séqüito de mocinhas da minha idade. E já li em algum lugar que as francesas conseguem transformar tudo, desde um simples capacete de moto pendurado na bolsa, em um acessório três charmant. Então, por mais bagaceiro que o lugar fosse, até que a paisagem não era das piores.

Aí eu bebia cerveja, dançava, de vez em quando dava uma volta pelo ambiente, fui bastante paquerada por várias meninas acompanhadas – qual é a desse povo? – até que o Jean Marie veio me apresentar uma amiga, coisa antiga. Essa aqui é Deborrá. Eu sorri em português, dei um tempinho ignorrando a Deborrá, mas como ela não se deu conta eu disse em francês: com licença, largué mon soutien que eu vou ao toilette. E nunca mais olhei pra ela. Pardonne moi, eu sou prometida, je suis promis!

O problema maior é que o lugar cheirava a cebola. Mas não cebola de cebola. Cebola humana. Sacou? Nojo? Nojo foi quando começaram a tocar WMCA e as pessoas levantavam os bracinhos pra dançar. U-la-la, pensei em francês. O novo perfume francês. Eau de Cebola. Se essa música não parar eu vou virar um croissant.

Mas a gente se acostuma a tudo. E o meu olfato não é lá essas coisas. Eu segui dançando até que a Germaine (60) veio falar no meu ouvido que na França as pessoas não se tocavam, mas que no Brasil sim, né? Eu, como só falo francês em ambientes mais silenciosos, não entendi exatamente o que ela tava falando na hora e só fiz o meu sorriso de “hã” quando, tout de suíte, ela me agarrou e começou a dançar juntinho, coladinho, chic to chic. Eu estudei quase 4 anos de francês mas naqueles minutos – que para mim foram como 4 horas – as expressões francesas para “Socorro” ou “Me larga que eu tenho sarna” simplesmente não me ocorriam. Num pânico desenfreado, sendo agarrada por um equivalente lésbico, suado, bêbado e acebolado da minha mãe, eu tive uma idéia genial: je vais fumer, peguei um cigarro e, gesticulando com a brasa, fiz um campo magnético protetor para evitar que qualquer pessoa se aproximasse de mim. Aliás, descobri que a distância pessoal dos franceses é menor que a minha, a minha é só de um raio de 10 metros...

De qualquer maneira, achei melhor pegar um taxí. Depois de meia hora e um bom banho, eu já adormecia de novo, bebendo evian com neosaldiná. Eu devo ser muito bagaceira...

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