<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, junho 16, 2006

Eu tinha que viajar a trabalho para participar de uma convenção de umbigos e resolvi emendar o feriado e passar uns dias chez Anne Carole de la Gorge.

Aí cheguei na quinta e já fui falando, Anne Carole, quero ir la naquele lugar. E ela respondeu: mas aquele lugar é pra indecisos! E eu disse: tudo bem, eu sou um pouco indecisa, e além do mais, to prometida.

Aí fomos nos vestir, aquela coisa, tira roupa, põe roupa, tira de novo, fica só de cinta-liga, olha no espelho, etc. Demorou um pouco. E com Anne Carole eu só falo francês. Eu dizia: U-la-la, onde está minha lingerie, será que ficou pendurada no abat-jour, mon dieu! E assim por diante. Então fomos. Saí do metrô e já dei de cara com um grupo de rapazes buscando companhia pra entrar. Eles só entram acompanhados de mulheres. Escolhi um chinês de sapato branco e fomos.

Tava meio vazio, porque eram 15 pra uma. Até a uma não pagava pra entrar. Então as 5 pra uma 4 mil pessoas apareceram do nada e ganharam a pista de dança. Eu ainda estava um pouco desanimada quando entrou o Louco, aquele da turma da Mônica, de jeans, havaianas, regata e aquele cabelão, dançando como se estivesse num filme coreografado pela Twila Tharp. Sim, serve o Hair. Ainda não tinha muita gente rebolando e ele se espraiava sobre todos nós, braços e coração aberto. Ah, a homossexualidade masculina.

Tinha tipos de todos os tipos. Os casais de mulheres que não parecem gays, os casais de mulheres que parecem gays mas acham que não parecem, os casais de mulheres que parecem e sabem, casais héteros moderninhos que parecem gays e acham isso legal, muita gente solteira entre homens e mulheres que não dava pra saber direito pra que lado estavam atirando. Uma vez, neste banheiro, me extraíram um piercing da boca através de sucção. Foi interessante.
Tinha uma japonesa linda que refletia toda a cultura de seu povo em vestir-se muito bem e dançar-se muito mal. Não sei o que acontece naquele lado do mundo mas parece que nunca explicaram pra que servem as batidas da música e que a definição de dançar é acompanhá-las com o corpo. A japonesa poderia estar acompanhando tanto a house que estava tocando como uma música do sepultura ou o réquiem de Mozart, não havia o menor sentido naqueles movimentos. Se alguma de vcs aí for japonesa, desculpe, mas vcs não sabem dançar. Mas não diminui meu amor pelos orientais, pra mim eles continuam no topo de cadeia sexual, mesmo depois de ter visto a bunda cagada de hiromi, o amor é um sentimento que perdoa defeitos.

Voltando a balada, pra entrar no clima pedi uma vodcá. Na primeira eu relaxei, na segunda vodcá eu comecei a sacudir os joelhos, na terceira eu já sacudia os ombros, na quarta o corpo todo, na quinta eu sacudia o rabinho e na sexta eu sacudia os braços em busca de um táxi na esquina, porque eu já estava ficando fluente em francês e conversava com o Asterix.

Deixei Anne Carole lá, no banheiro brigando com o Buck. Buck é um nome que dei baseada numa semelhança, para uma mulher que trabalha neste inferninho há pelo menos 5 anos. É um homem que não teve dinheiro para fazer cirurgias, então está preso num corpo de mulher. Ou seja, deixei Anne Carole presa num corpo de mulher com a cabeça raspada e tirinhas de tabacow coladas no queixo. Anne Carole esperneava e pedia pra sair, mas eu respondi, de novo em francês: u-la-la, mon chere, dê lê culê que lê passê.

Ela deve ter dado e depois ouvi dizer que pegou a japonesa e fez um origami proibido com ela, deixando-a com olhos arregalados e com o sushi assado.Mas a essa hora eu já estava em casa tentando dormir e bebendo evian com neosaldina.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?