<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, dezembro 26, 2006

Ninguém percebeu o que estava prestes a acontecer.

Tudo parecia normal, como em dias sem surpresas, quando o tempo passa daquele jeito linear e fluido que a gente chama de rotina.

Os primeiros sinais foram sentidos por Daniela R., 27, moradora de Brasília. Ela estava na sala com a namorada vendo Faustão e comendo bolinho de chuva quando simplesmente levantou-se, colocou um tênis, disse “vou sair” e foi andando lentamente até à porta. Nada aconteceu. Ela ainda deu uma enrolada no hall, brincando com a chave, mas não houve reação. Preocupada, ainda gritou: “mor, tô saindo, tá?” A única resposta foi um “tá” desinteressado, despreocupado. Daniela saiu, mas não conseguiu se divertir.

Simultaneamente, na capital paulista, Rejane K. chegava em casa depois de uma balada que durou mais de 15 horas. Bêbada, com a maquiagem borrada e cheia de purpurina pelo corpo. A ponta da saia presa pra dentro da calcinha que, por sinal, estava do avesso. Tinha marcas de baton atrás dos joelhos e um número de telefone anotado com caneta de CD embaixo do umbigo. Sentada no sofá da sala, sua namorada esperava acordada. Ela pegou Rejane pela mão, levou pro banho e deu pra ela encostada nos azulejos gelados, sem reclamar. Depois dormiu de conchinha e nunca disse uma palavra sobre o assunto.

Em Goiânia, Fabiana G. disse pra namorada que ia pra faculdade mas desistiu e foi prum bar com uns amigos, inclusive um que dava em cima dela e que ela, bêbada, já tinha beijado. Quando estava na quinta cerveja, viu sua namorada entrar. A namorada caminhou até a mesa, se apresentou para os amigos, deu um beijo na bochecha de Fabiana, disse “bom, vou deixar vocês à vontade” sem ironia, e saiu cantando uma música da Zélia. Quando Fabiana chegou em casa, a namorada estava dormindo, mas deixou um prato de comida sem veneno no microondas e uma aspirina com um copo d’água no criado-mudo, caso desse sede ou ressaca durante a noite.

Relatos parecidos pipocaram pelo país inteiro. O movimento tomava contornos claros. Namoradas antes possessivas abandonaram suas funções. Foram os primeiros sinais da

CRISE DAS CONTROLADORAS

A ANAC – Associação de Namoradas Abnegadas de Controladoras está tentando solucionar o problema o mais rapidamente possível, já que tem certas pessoas que só se sentem amadas através de desmontrações de ciúme. Se você vir, ouvir, souber de algo ou conhecer alguém cuja namorada controladora simplesmente parou de se importar, por favor faça sua denúncia aqui neste site. Porque não podemos permitir mais este ataque à frágil auto-estima da mulher que escolhe brasileira.

Obrigada.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?