<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Na bancada do marceneiro com

AVA GINA FONDA

Lésbica crítica


Vocês sabem o que é handyman? É uma expressão em inglês que identifica o homem faz tudo, aquele cara que vai na sua casa mostrar o cofrinho e consertar encanamento, fiação elétrica, buraco de prego com massa corrida, pintar parede, desentupir a duchinha e tirar cabelo do ralo*. Sabe?

Pois é, se o cofrinho do handyman estiver acompanhado de um abdome de tanquinho, bunda dura, coxas de aço, tórax definido e poucos pelos, a gente chega até a pensar se a nossa doença não é realmente mais que uma doença, mas uma maldição. Uma vez eu cheguei até a namorar um rapaz porque ele consertou o cano da pia da cozinha lá de casa. Durou seis meses, mas aí eu entupi e não quis mais**.

Mas estou me desviando do assunto. Eu queria falar era da Handywoman.

Handywoman é parecido com aquilo que já foi mencionado por aí, em algum blog, bar ou balada, como a Amiga Bosch. Mas é mais do que alguém que tem ferramentas. É mais do que alguém que pendura quadros. É muito mais do que alguém que veste uma pochete de couro com um martelo pendurado.

Handywoman é alguém que sabe a diferença entre chave de fenda e chave philips. Alguém que sabe que existe uma ferramenta no mundo capaz de parafusar algo sem você fazer esforço. Alguém que sabe usar um nível daqueles com uma bolhinha no mercúrio. Alguém que sabe fazer prateleiras retas, que consegue fazer furos precisos e que coincidem com os buracos da mão francesa***, que serra sem deixar farpas e que pinta sem deixar manchas. Alguém que troca a resistência do chuveiro, o reator da luminária, o miolo da tomada, o joelho do cano e que passeia numa loja de ferragens como aquele ar de quem sabe o que fazer com tudo aquilo.

Ai, vou gozar!

Pois é, nesse fim de semana o tempo andava devagar e eu só esperava pela estréia da 4ª temporada do L Word, lendo um policial da série Micky Knight****, quando Anne Carole passa pela sala decidida, me pega pelos cabelos da nuca e fala:

“Vamos na Leroy Merlin”.

Confesso que ali já senti meu pulso deslocar para baixo, e quando eu falo pulso***** não é a parte do corpo.

Enquanto ela andava pelos corredores infestados de ferramentas eu empurrava o carrinho, lixava as unhas, olhava de canto e me sentia estranhamente faminta. Já tinha até esquecido do L Word.

Cada item que ela comprava despertava mais o meu interesse. Lixas. Latas de tinta. Chaves de boca, hm. Prendedores de mamilo, quer dizer, braçadeiras. Lixadeiras. Jacarés. Limas. Grosas. Porcas. Parafusos. Parafusos enormes. Parafusos gigantes! Soldas! Brochas! BROCHAS!!!!! NUNCA PENSEI QUE FICARIA COM TESÃO NUMA BROCHA!!!!


Eu queria apressar as coisas, afinal, já estava desidratando de tanto perder líquido, mas naquele momento eu senti que devia respeito ao meu marido. Empurrei pacientemente o carrinho e me comportei como uma desperate housewife durante o tempo todo.

Chegando em casa, esperei que minha Handywoman terminasse o seu trabalho mas quando vi aquele cofrinho à mostra não me contive. Me joguei na bancada com minha roupa de tachinhas e pedi a Anne Carole que me desparafusasse com a chave de boca e depois me consertasse com sua coleção de brocas.

E LEMBRE-SE MENINAS: às vezes no backstage tem muito mais ação do que ali na frente.


* Não, cabelo do ralo não dá, é demais.
** Mentira, eu levei um pé na bunda de uma pessoa do sexo masculino, foi quase humilhante, se não fosse excitante.
*** Você acha que alguém que sabe o que é mão francesa deveria se casar com alguém que sabe o que é unha francesinha?
**** Private Butch Detective, da autora J M Redmann.
***** Pulso (sic) como pulsação, aquela coisa latejante, que as vezes a gente sente no pulso, as vezes em outras dobras.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?