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domingo, abril 06, 2008

IN ANNYPACK HILLS

Parte 6


Melissa acorda com a estranha sensação de estar numa cama. Não pode ser. Ela mora num carro. Com as mãos examina a superfície onde está deitada. Macia. Tem um tecido solto por cima. Tpo lençol. Só pode ser uma cama. Mas de quem? Em pânico, ela tenta lembrar da noite anterior. Tinha um cara de terno preto pegando no seu pescoço. Não pode ser.
Ela toma coragem e vira a cabeça devagar. Sim, é uma cama e tem mais alguém nela. Espera as pupilas abrirem. Daniele. Depois de três segundos de alívio, coloca a mão na testa se perguntando que caralho estava fazendo ali. Levanta. E sem roupa ainda por cima. Daniele acorda.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Dormiu bem?
- Não lembro.
- Café?
- Não.
Cata suas roupas espalhadas. Difícil procurar, se esconder e fugir ao mesmo tempo. Daniele acende a luz. Melhora, mas piora. Melissa se veste tão rápido que a camiseta fica toda torta. Ela não arruma, senta no chão pra calçar os tênis. A boca seca, a cabeça doendo, a respiração cheirando a álcool. Não lembra como tinha chegado àquele quarto do pânico nem o que havia acontecido desde então. Fica irritada como se fosse culpa de outra pessoa. Daniele está saindo da cama. Rápido, ela pensa. Enfia o tênis de qualquer jeito e coloca as meias no bolso.
- Brigada, tenho que ir.
Daniele aponta para o volume das meias no bolso da calça.
- Você sempre acorda assim?
Ri baixinho. Melissa nem responde e vai pra porta.
- E de bom humor também.
A porta está trancada. Melissa procura a chave angustiada, como se estivesse fugindo de um psicopata.
- Espera dez minutos que eu te levo.
- Não posso, tô atrasada.
- Atrasada pra que?
- Eu PRECISO ir.
- A chave tá aí nessa caixinha.
Melissa sai sem olhar pra trás. Daniele senta no sofá pra terminar de acordar. Espia o relógio, oito da noite. Cinco minutos depois ouve uma batida na porta. Abre. Melissa está lá, coçando a cabeça.
- Como é que eu saio daqui?
- Eu já disse que eu te l...
- Não.
Daniele troca o peso de perna.
- Ok, praonde você quer ir?
- Perto daquela estátua do cara montado num cavalo sem pau.
- Segue essa rua até encontrar um posto de gasolina e vira a esquerda. De lá você já vê a estátua.
- Obrigada.
- Como você sabe que não é uma égua?
- Não tem cara de égua.
- Parece que foi a Sra Middlefinger que mandou tirar o pau do cavalo.
- Sério?
- Sério. Dizem que o do cavaleiro também...
- Também?
- Não posso jurar, nunca vi de cima. Dizem.
Melissa ri, finalmente.
- Tchau, Daniele.
- Dani.
- Dani?
- É. Daniele é meio marica.

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