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segunda-feira, junho 30, 2008

"CLOSET"




Melissa em pé no topo olhando com força. Nunca na vida estivera num lugar tão lindo. Tinha que ir embora.

Sua mala não é grande. Sempre tivera certeza de quem queria, mas não de que queria ficar. Anda até a rodoviária antes de amanhecer. Está parada com um café frio na mão na frente do guichê de passagens quando ele abre.

- Pra Womanhattan.
- Tem um em 30 minutos, mas é que nem eu.
- Como?
- Pinga.
- Você pinga?
- Só quando te vejo.

Melissa inclina a cabeça curiosa. A mulher do guichê lhe entrega o bilhete. Mel estende o dinheiro. A mulher primeiro pega no seu pulso, depois na mão, nos dedos e só depois escorrega para as notas.

- E o que eu faço nesses 30 minutos?

A mulher sai andando e abre uma porta velha com a marca de uma placa na frente, mas sem a placa. Espera Melissa entrar. Ouvem o clique da porta fechando. A coragem vai embora deixando Melissa com um olhar assustado, mas é tarde demais. A mulher dos tickets tem um braço longo que a arrebata pela cintura. E a beija. Um daqueles beijos estranhos, novos, que desafiam a persistiencia de quem ficou por muito tempo acostumada a outra boca. Mas é tarde demais.

Embora Melissa não consiga reagir, seu corpo consegue, e se molda às curvas da outra. Sente uma mistura de medo (de quê?) com excitação. As mãos da mulher descem maliciosas e agarram sua bunda com força, quase dói. Estão inteiramente encostadas, do pé à testa. Calor, muito calor. Mel quase pensa que alguém pode entrar mas então lembra que a porta não tem placa, é como se não existisse. É um pensamento ridículo, mas reconfortante. Ela descobre a barra da camisa do uniforme a mulher dos tickets e se infiltra, sentindo a pele quente por baixo e a barriga encolhendo rápido. Esse movimento à excita ainda mais. Significava que a outra estava tentando agradar. Só por isso agarra com mais vontade, depois vai para as costas e continua procurando pedaços pra segurar. Tentando garantir que era verdade. A mulher da rodoviária enfia o joelho entre suas pernas e Melissa pensa “junto com minhas pernas um novo mundo se abre”.

Vinte minutos depois está deitada sobre as malas de sei lá quem com a camisa e a calça desabotoadas, o rosto vermelho, os olhos calmos, observando a outra se vestir. Repara que ela tem um elefante tatuado na pélvis.

- Ainda vou ter a tromba.

Melissa sorri emocionada.

- Quer vir comigo?
- Não. Alguém tem que ficar pra vender os bilhetes pra quem vai.

A mulher da rodoviária abre a boca, enfia os dedos lá dentro e tira um dente com um parafuso no lugar da raiz.

- Mas você pode levar um pedaço de mim com você.

Melissa guarda no bolso da calça, se recompõe e vai embora. Quase perde o ônibus. Pela janela vê Fannypack Hills se afastando. Ou seria ficando para trás?

(?)


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