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terça-feira, julho 01, 2008

CLOSET


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Depois de 4 horas o ônibus pára num desses postos de beira de estrada com banheiros de 400 portas e buffets de coxinha. As pessoas têm o cabelo amassado pelas horas de viagem.
Melissa anda devagar na fila da comida empurrando sua bandeja mas sem ver nada que queira colocar nela. Vai ao banheiro. Sai. Acende um cigarro. Perambula por trás do prédio onde é mais silencioso. Uma borracharia. Os mecânicos almoçam na sombra de uma árvore. Ouve uma voz feminina,
- Já trocou o oleo hoje?
- Na verdade já.
- E o filtro?
- Não, esse não.
- Talvez esteja precisando.
- Talvez.
A mulher está suada, suja de graxa, vestindo uma calça de mecânico e uma regata branca.Com os dedos e unhas pretos puxa Mel pela mão e a faz sentar na plataforma que levanta os carros. Aperta um botão vermelho e espera com os braços cruzados a plataforma subir até a altura do seu rosto. Tira o jeans e a calcinha de Melissa.
- A lubrificação me parece boa.
Com um puxão quase derruba Mel da plataforma e a beija, só que não na boca. Melissa quer gritar. Primeiro se pergunta se os mecânicos estão vendo, depois se responde que foda-se e se deixa beijar. Não na boca. Goza se imaginando num calendário de parede.
Quando consegue reabrir os olhos a mecânica tira a regata e revela, cobrindo suas costas, uma tatuagem de um rosto de mulher. Melissa olha mais de perto, percorre os traços com a mão. Começa a reparar algo estranho. A tatuagem se parece com ela. Parece não, é o seu rosto. Como assim? A borracheira ainda fala.
- Você precisa voltar aqui. E a cada volta vou prestar atenção numa parte do seu corpo. Hoje posso tatuar seus lábios. Quando acabar por fora, quero ver seus órgãos.
- Tenho que ir.
Melissa corre, mas é tarde demais. Perdera o ônibus.


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