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segunda-feira, julho 07, 2008

CLOSET



6




Sábado à noite Melissa não consegue dormir direito. Está de ressaca dos dry martinis. Tomara quatro. As outras derrubaram meia dúzia cada. Frita desconfortável no banco do Chevrolet. Precisa arrumar um apartamento. Mas isso soa como uma traição ao carro. Ele é tudo o que ela tem.

Desiste de dormir e decide fazer uma faxina no veículo. Se ele é sua casa merece ser tratado como tal. Escova os bancos, retira o lixo, lava os tapetes de borracha. Espana os recantos do painel, passa um pano com veja nas portas e no teto. Limpa as janelas com Vidrex. Abre a mochila e dobra as roupas amarrotadas. Organiza pilhas de camisetas e blusas no espaço entre o banco e o vidro de trás. Camisas, casacos e ternos ficam em cabides nos puta-merdas. Sapatos debaixo de um banco, livros e o laptop debaixo do outro. Toileteries no porta luvas, comida embaixo do porta luvas. Ela tem um pedaço de madeira que encaixa sobre o porta-luvas aberto e funciona como mesa. Improvisa uma toalha de mesa a partir de um pano de prato. Uma garrafinha de Coca-Cola vazia ganha água, duas margaridas e o status de vaso no console ao lado do câmbio.

Três horas depois ela deita no banco do motorista e olha a sua volta. Precisava comprar cortinas.Dorme.


xxx


- Moça.

Toc, toc, toc. Melissa está no fundo de um sono.

- Moça.

Entreabre os olhos. Um policial bate no vidro. Um daqueles de filme pornô dos anos 70, de bigode, capacete, óculos escuros e calça justa.

- A senhora abra a janela por favor.

Melissa demora pra reagir.

- O que foi?

Ele se afasta do carro devagar. Pára com as pernas abertas. O volume na sua calça é tão grande que quase dá pra sentar nele. Ele se certifica de que foi notado antes de falar.

- Você não pode parar aqui.
- Segundo a placa eu posso.
- Estacionar sim. Morar não.
- Eu estou esperando meu namorado.
- Ah. E onde ele foi?
- ...
- Desce do carro.

Melissa bufa, esfrega os olhos e desce contrariada.

- Vira e coloca as mãos sobre o capô.
- Mas eu não fiz...
- VIRA E COLOCA AS MAOS SOBRE O CAPO.
- Ok, ok...

O guarda usa o cacetete par indicar que separe as pernas. E começa a revistá-la. Melissa protesta.

- Pra me revistar tem que chamar uma oficial feminina.

O policial tira o capacete e, como num comercial de shampoo, revela longos e sedosos cabelos loiros. Tira os óculos. É uma mulher. Mas o bigode e o volume na calça continuam lá.

- Vira. Coloca as mãos sobre o capô. Agora.

Melissa tenta não obedecer mas é impossível. A policial retoma a revista passando as mãos languidamente por suas pernas, pelo interior das suas coxas, glúteos, quadris. Segurando assim a policial encosta o volume, aperta o volume, esfrega o volume. As garras da lei sobem por dentro da sua blusa e a seguram pelos seios. Melissa mesmo desabotoa a calça da policial e a guia para dentro. A mulher/homem se debruça sobre suas costas e ela sente os cabelos de mulher, o bigode na nuca, os seios nas costas, o pau a comendo por trás, toda aquela autoridade sobre ela.

Acorda no meio do orgasmo.

Tenta recuperar o ar, secar o suor e se localizar. É noite, ninguém por perto, nenhum carro de polícia. Melissa pensa que está ficando louca. Que merda é essa com esses sonhos? Sai do carro, sente o vento, tenta se refrescar um pouco. Pega uma garrafa de vinho no porta-malas, um maço de cigarros. São 4:30 da madrugada. Mas não quer dormir de novo. Chega de sexo por hoje.


...




achei que esse video tinha a ver com o capitulo de hoje.

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