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terça-feira, setembro 02, 2008

CLOSET



32



Ali volta do desmaio deitada no sofá. Melissa deve ter acomodado ela ali e agora sai de fininho do apartamento. Não pode deixar. Cata a cartola e corre atrás.

Toda a cena a seguir se desenvolve em slow motion e com câmera de alta definição.

Melissa está dentro do elevador, as portas começando a fechar. De repente no fundo do corredor a silhueta atlética de Ali faz a curva correndo. Quanto mais os olhos de Melissa se abrem surpresos, mais Ali se aproxima, de jeans justo e sutiã preto, bigode pintado e chapéu de mágico.

Mel começa a entender que Ali está vindo atrás dela. Tem que parar o elevador, acionar o botão de abrir portas, mas qual seria naquele mar de andares e comandos? Tenta um vermelho, um alarme soa, ela grita de susto, soca o verde, o alarme pára, a porta continua fechando.

Exatamente ao mesmo tempo, da metade do longo corredor Ali salta para cobrir os últimos metros que a separam da mulher da sua vida, projeta os braços pra frente, alça vôo de encontro a ela, para dentro do elevador.

Aí a porta fecha e Ali cai gritando.

- Ai, ai, caralho, ai!

Ela está com metade do corpo pra dentro, metade pra fora, a porta pressionando suas costelas. Pede socorro para uma Melissa em pânico.

- Me ajuda!
- Como?
- Abre a porta!
- Meu deus ela vai te cortar ao meio!

Ela grita, treme, coloca as mãos na cabeça, empurra a porta e toca em Ali ao mesmo tempo.

- Calma, Mel, calma!
- Ali não morre por favor!

Está quase chorando.

- A porta não vai me cortar ao meio. Calma. Isso. Mas você tem que tentar abrir porque eu tô presa.

Melissa força mas não consegue. Chega a ficar vermelha e com a veia da testa saltada.

- Nem se mexe, Ali, e agora?
- Olha no painel, vê se tem um botão de abrir.
- Tem 98 milhões de botões aqui!
- Olha devagar. Um por um. Deve ter um com o desenhinho de duas portas com duas setinhas apontando pra fora.
- Tem.
- Aperta.
- Tô apertando. Não tá acontecendo nada. E agora?
- Agora eu vou ter que ficar aqui pra sempre e você vai ter que me trazer comida, bebida e me dar banho todo dia.

Mel olha pra ela deitada no chão e chega a pensar que não seria uma má idéia. Depois fica envergonhada pela sua histeria. Ali presa e provavelmente machucada estava controlando a situação, fazendo piada e a ajudando a se acalmar, enquanto deveria ser exatamente o contrário. Precisa tentar mais. Se coloca na brecha aberta da porta e empurra um lado com as costas e o outro com o pé. De saia. Ali está exatamente embaixo, com vista pra sua calcinha.

- Eu podia morrer aqui.
- Você quer sair ou não?
- Não sei mais...
- Ali fica quieta.
- Sim senhora.

Nada. A porta travou naquela posição. Melissa senta de novo e examina o tórax de Ali.

- Você tá machucada?
- Acho que não.
- Não dói?
- Ui! Um pouco.
- Vou chamar os bombeiros.

Tira o celular da bolsa e liga, dá o endereço e explica a situação. Guarda o telefone e começa um cafuné pra passar o tempo.

- Você fica bem de bigode.
- Merda, esqueci.

Se olham, cada uma tentando decifrar o significado do olhar da outra. Ali estica o braço, alcança o pescoço de Mel e puxa pra perto.

- Vem cá.

Se beijam. Mesmo deitada no chão, presa e machucada ela consegue espalhar suas mãos pela nuca e costas de Melissa, enfiar por baixo da blusa e encontrar seus seios. Sente Mel inspirar rápido com o toque, os mamilos ficarem duros, a pele arrepiada, e depois tensa.

- Ali, que é isso...
- Fica aqui.
- Eu não vou a lugar nenhum mas pára.
- Não.

Tenta se esquivar, Ali não deixa. Segura seus tornozelos, Melissa cai sentada.

- Abre as pernas.
- Não!

Ali faz abrir. Cega de tesão e sabendo que não é a única segura Mel com a mão esquerda e invade sua calcinha com a direita. Está molhada, muito molhada.

- Cancela os bombeiros.
- Mas eu tô pegando fogo.
- Deixa que eu apago. Chega mais perto.

Mel chega mais perto.

- Mais.

Mais.

- Quero saber que gosto você tem.

Ela ajoelha no rosto de Ali que beija como se fosse uma boca, primeiro lábio no lábio, o de cima provocando o de baixo e vice versa, se esfregando e experimentando, depois com a língua, não com a ponta, com ela toda, gorda e molhada, tateando, experimentando, esfregando, depois de novo com os lábios e sentindo Melissa escorregar e escorrer, e mexer devagar.
Melissa sente as mãos firmes nos seus quadris e a boca lambendo, comendo, devorando, o mundo ao redor apagando e desaparecendo, os olhos fechando e tudo se transformando nessa sensação que cresce de baixo pra cima, vem da boca da outra, entra pelo sexo, sobe pelo estômago, retorce o diafragma, não deixa respirar, aperta o peito, acumula na garganta e explode, essa parte se chama orgasmo, vira um grito, uma sério de gritos e gemidos, e desaparece aos poucos quando tudo começa a clarear e a voltar a ser o que era.

Abre os olhos.

Os bombeiros estão lá, com umas caras de espanto e a mangueira na mão.

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