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quinta-feira, junho 10, 2010

FLAT


2


Ana acorda de novo. As coisas doem menos e pelo menos agora nao tem uma mulher a encarando na sala iluminada. Tem mais tempo pra olhar em volta. E um quarto de hospital comum, com duas camas e uma cortina dividindo o espaco. A cama ao lado desocupada. O resto da sala vazio, a nao ser pela cadeira, o soro e o bip bip.

Ela tenta lembrar o que a levou ate ali, mas nao tem a menor ideia nem vontade de pensar. Um a um, despluga as ventosinhas da sua testa, ombros e mamilos – o que nao e de todo ruim. Levanta o corpo enferrujado, sai do quarto devagar. Deve ser o meio da noite porque nao tem ninguem nos corredores e poucas luzes estao acesas. Aonde ela vai mesmo? Nao pode fugir com esse avental aberto atras e a bunda de fora. Precisa achar roupas e sapatos.

- Ana?
Ela vira em panico.
- Voce viu minha bunda!
Dra. Flat.
- Vi.
- Hm. Gostou?
- Aonde voce ia mesmo?
- Banheiro.
- Vem comigo.
Dra Flat a leva de volta pro quarto e pega, debaixo da cama, um objeto arredondado de plastico.
- Nao.
- Voce nao precisa ir ao banheiro?
- Preciso.
- Aqui.
- Nao.
- Como nao?
- Aconteca o que acontecer, doutora, comadre nao. Simplesmente nao.
- Entao aguenta.
E sai. Ana ouve os passos se afastando mas sente que se tentar fugir de novo vai ser pega. Ao mesmo tempo, prefere explodir que usar a comadre.

***

Quatro horas mais tarde Ana sente que vai comecar a verter xixi pelo canal lacrimal se nao achar um banheiro logo. Ela improvisa um cinto com os fiozinhos das ventosinhas das suas tetinhas e amarra o avental. Nao vai ser pega de novo com a bunda na janela.

Furtivamente ela escapa do quarto e anda pelas sombras, colada as paredes, em silencio, mal tocando os pes no chao, ate achar um banheiro tres andares acima. Quando ve o tao conhecido sinal de feminino numa das portas fica desesperada e mal consegue segurar ate sentar na privada. O alivio e tao grande que garante a vaga na lista de seus top 10 orgasmos.

Quando abre a porta do banheiro leva um wasari de dois enfermeiros Finlandeses que a levam de volta pro quarto, mas dessa vez a deixam presa na cama por correias nos pulsos. Grita por mais tres horas ate que um deles entra com uma seringa, espeta no seu braco e tudo fica preto.

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