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quinta-feira, agosto 31, 2006

So mais uma coisa, ja jogamos bastante esse tema por aqui, mas ontem, mais uma vez constatei que 1/4 da plateia era gay, 1/4 lesbica, 1/4 estudantes e envolvidos com teatro e dança e o outro quarto era formado por heteros que se dividiam em casais e velhinhas. Sera q estou sendo preconceituosa ou os hts realmente têm preguiça de pensar?

Vou interromper o Dildo por alguns segundos, soh pra dizer a vcs leitoras, que ainda da tempo te comprar ingresso pra assistir o grupo de dança da Pina Bauch aqui em Sao Paulo.

Eh maravilhoso e tem um humor sofisticado. Por isso, meninas, larguem um pouco os cds de mpb e corram pra fila, vale a pena!

DILDO, O HOMEM-OBJETO

Parte 4 – Dildo Adulto


Aos 18 anos Dildo pegou uma mochila e foi dar a volta ao mundo. Andou em cada buraco.

Em cada porto, tinha uma amante. Não era exatamente um homem alto, mas suas mulheres diziam que ele tinha o tamanho certo. Inclusive de vez em quando ouvia dizer que era bem grande para um Dildo.

Tinha um corpo bonito, mas as mulheres o preferiam de roupa. Quando estava lá, torso nu, no auge do rala e rola, algumas se recusavam a continuar se ele não colocasse uma camisa. Os homens são de marte, mulheres e suas camisas são de vênus mesmo.

Um dia entrou no Orkut e encontrou Elton John Anderson da Silva, um amigo de infância que não via há 20 anos. Marcaram de tomar um chopp. O reencontro foi emocionante. O amigo o abraçava com força, dava aqueles tapas nas costas, e gritava: GRANDE DILDO!

Duas horas e 18 chopps depois, o amigo confessava que era gay e que nunca esquecera de quando fizeram equitação e natação juntos, quando ficava brincando com Dildo no barranco, na piscina, até mesmo no quarto, a noite inteira. E quando batiam uma bolinha? As bolas era sempre as do Dildo. Aquelas bolas de borracha enloqueciam as vizinhas...

Bons tempos.

O reencontro fez Dildo lembrar da infância. Nunca fora um garoto mimado por ninguém. Olhando Elton John Anderson, pensou que as duas únicas pessoas que o amaram de verdade foram o amigo e a tia solteirona. A saudosa tia, que não importa o que ele fizesse de errado, não importa o quanto os pais o repreendessem, a tia sempre passava a mão na cabeça do Dildo.

Dildo pensou em como as pessoas não o viam como uma pessoa de carne e osso, mas como se ele fosse um Dildo de borracha, de silicone. Neste momento, Dildo estremeceu e chorou. Mas chorou por um olho só.

(continua...)

quarta-feira, agosto 30, 2006

DILDO, O HOMEM-OBJETO

Parte 3 – A adolescência

Na adolescência, Dildo era ignorado pelas meninas da sua idade.

Mas isso não o impediu de ter uma vida sexual ativa. Dildo exercia um estranho fascínio sobre mulheres mais velhas.

Seus pais quase não o viam. Vivia enfiado em algum namoro.

Mas suas relações não eram estáveis: Dildo ia a vinha ao sabor dos caprichos das suas amadas.

As vezes sentia que as mulheres só queriam usá-lo e depois guardar numa gaveta. Revoltava-se por alguns instantes, mas logo esquecia. Os hormônios falavam mais alto e rendia-se a mais uma noite de prazer, a mais uma mulher. Conformava-se em ser um objeto.

Os pais diziam para Dildo desistir, que aquelas relações não passavam de sexo, mas ele insistia em se apaixonar. Dildo era teimoso. Dildo era cabeçudo.

A cada término, Dildo se deprimia. Pensava em se matar, se enforcar. Em ser encontrado pela ex arrependida, pendurado num cinto. Mas passava rápido. Dildo era assim: lavou, tá novo.

(continua...)

terça-feira, agosto 29, 2006

DILDO, O HOMEM-OBJETO

Parte 2 – A infância

Dildo era um menino diferente. Muito tímido, quase acuado. Porque todos riam do seu nome. E não estamos falando das cruéis crianças. Adultos de todas as idades não se controlavam e começavam a rir. Dildo nunca entendeu e tomou pra si um certo ar melancólico e conformado.

As únicas pessoas que realmente gostavam do Dildo eram as tias solteironas. Tias solteironas normalmente adoram atormentar sobrinhos e sobrinhos netos, mas estas nutriam uma paixão especial por Dildo. Viviam convidando o garoto para dormir na casa delas.

Até com os brinquedos ele era estranho. Não se interessava muito. No dia em que ganhou um carrinho de controle remoto, Dildo vibrou mesmo foi com as pilhas.

Era uma criança depressiva. Em lugar de brincar na rua, gostava de se esconder em lugares úmidos e escuros.

Enquanto isso, Dildo crescia.

(continua...)

Diana estava chegando na cidade grande vinda de Curitiba. Sentia-se sozinha, desprotegida e perdida na rodoviária Tietê.

Ivanildo estava chegando na capital, vindo de Teresina. Inflando o peito pra encarar a nova vida, notou o ar assustado de Diana e a convidou para um caldo de cana.

Uniram-se. Ajudaram-se. Apaixonaram-se. Juntos, arrumaram empregos, casa, começaram a subir na vida. Casaram-se.

Na noite de núpcias, amaram-se como pouca gente se ama. Diana sentiu que ficava grávida. Ivanildo sentiu que engravidava Diana.

Ainda suados do amor, decidiram que a criança deveria simbolizar a força daquela paixão, daquela união. Nomeariam o filho a partir da junção dos seus próprios nomes. Diana e Ivanildo. Di e Nildo.

É assim que começa a história de

DILDO, O HOMEM-OBJETO

(continua...)

quinta-feira, agosto 24, 2006

Na biblioteca com

AVA GINA FONDA

lésbica crítica.


É, leitoras, Ava Gina já usou muita gola roulê nessa vida. Já discuti Rimbaud no Guion, Barthes no Bar do Beto. Depois, mais madura e com mais dinheiro, Simone e Sartre no Espaço Unibanco, Paul Auster no Ritz. Cheguei a discutir Blavatsky, mas foi dentro de um consultório de psicologia, bons tempos aqueles onde eu tinha longas listas de motivos pra me deprimir e achava bonito...

Eu fui uma lenda no campus da Letras da UFRGS. Minhas obras “O Diálogo em Eu Sozinha”, sobre a obra de Marina Colasanti, ficou em exposição no xerox da faculdade por meses, e foi tomada como referência para toda uma geração de estudantes. Há anos ninguém tirava 10 num trabalho de Teoria da Literatura. Já minha monografia sobre Rigoberta Menchu chamada “A literatura analfabeta” foi incorporada ao acervo da biblioteca e me rendeu um 10 e o telefone interessado da professora. Os títulos previam meu futuro na publicidade, mas os conteúdos são a prova cabal da minha profunda formação intelectual. Na mesma época, um garoto da química me mostrava seu pau pela porta entreaberta do banheiro cada vez que eu ficava na porta da sala de latim esperando o tempo passar. Eu transava nos matos do campus com um garoto da Educação Física e com uma garota da Matemática, alternadamente. E assim nasceu minha consciência.

Mas hoje meu cerebrozinho não aguenta mais tanta profundidade e eu também tenho dificuldades de ler com um vibrador ligado e Anne Carole me sacudindo, me dá um pouco de tontura.

Então minhas leituras andam predominantemente mais leves. Não é que eu tenha me entregado completamente, semana passada terminei de ler Fury. Mas entre um Salman Rushdie e um Ian McEwan eu leio uns 10 romances policiais baratos.

Depois de esgotar as Patrícias (Highsmith, Cornwell, até a Mello), passei por Fred Vargas, Ruth Rendell e uns meio genéricos que nem lembro o nome.

Até que um dia tava numa livraria e li uma contracapa que dizia:

“Dinah Shore weekend turns deadly... And Lillian Byrd is in the middle of it!”

Gente.

Pra quem não sabe o que é o Dinah Shore Weekend, é um torneio de golf feminino perto de Palm Springs que reúne a nata da lesbiandade mundial em uma série de festas “muito loucas”, entre um buraco e outro.

Eu achava que o fato de reunir cerca de 500 mil mulheres fãs de golfe num trecho de deserto já era mortal o suficiente. Como o Dinah poderia se tornar ainda mais deadly? E quem diabos é Lillian Byrd?

Só por causa desses fatos intrigantes comprei dois livros da série Lillian Byrd Mysteries e me pus a ler.

A Lillian Byrd é uma jornalista que investiga crimes, basicamente. Mas meio que naturalmente a gente descobre que ela tem namorada, ou melhor, ex-namorada e é resolvidamente gay. As histórias são honestas, quase bobinhas, e têm umas dinâmicas que só poderiam acontecer com uma personagem mulher que escolhe.

Tem a ex a quem ela sempre recorre num momento de carência ou aperto, prolongando indefinidamente o final de uma relação. Já ouviram algo parecido?

Tem a psicossapa apaixonada que persegue a heroína, manda flores, passa a noite parada ao lado do interfone, escreve cartas apaixonadas e assustadoras ao mesmo tempo, sabe? Claro que sabe.

Que mais? Tem a dona do bar gay local que tem o cabelo descolorido, usa bota carrapeta, calça justa pierre cardin, blusa de lycra verde e um medalhão no pescoço. Parece familiar? Sim, amiga, praticamente da família.

Tem até uma cena em que a Lillian está numa festa e começa a reparar que várias das presentes têm a mão esquerda mais branca que o resto do corpo. É quando ela descobre que está numa festa de GOLFISTAS! É, tem coisas que só uma detetive lésbica pode descobrir...

Gente, é praticamente imperdível. Além de ser decentemente escrito pela autora Elizabeth Sims, com algumas pitadas de feminismo, política e bastante humor.

Enfim, a velha e íntima relação entre as dykes e as histórias de detetive continua bem obrigada, mas numa versão menos reprimida e mais bem-humorada, representada pela geração Lillian Byrd.

Mas uma dúvida persiste: o que acontece com as mulheres que escolhem que têm essa tara por histórias de detetive ou personagens que desvendam mistérios? Será inveja da pistola? Não sei por que, Anne Carole tem um pistolão e não faz mistério nenhum, muito pelo contrário, me desvenda todinha.

E LEMBREM-SE GAROTAS: FOI A NILA BRANCO, NA BIBLIOTECA, COM UM VIBRADOR.

quinta-feira, agosto 17, 2006





Ava Gina tava em casa ontem, meio com febre, porque semi-deusas também sofrem disso as vezes, sabe, desgasta, enfim.

Jogada no sofá com uma lingerie confortavel, óleo no corpo e lambendo um pirulito, eu disse à minha cortesã sem nenhuma moral:

Anne Carole, entretenha a parte de baixo do meu corpo, que a de cima já está vendo TV.

Obviamente ela me obedeceu, aliás, ela me obedece como ninguém, principalmente quando eu peço que mande em mim. Já eu não sou tão boa nisso, portanto às vezes ela tem que queimar meu peito com o cigarro pra eu aprender. Ou então amarrar meus mamilos, mas disso eu gosto.

Mas que assunto, não é? Se eu não parar vou molhar a cadeira do trabalho de novo...

Bom, sobre ontem a noite, eu toda oleosa vendo TV e Anne Carole agachada ali na frente, eu até queria mudar de canal mas ela estava usando as pilhas e fui obrigada a assistir ao que tava passando mesmo.

America’s Next Top Model.

Não vou nem comentar o show de interpretação da Tyra Banks tentando fazer drama e suspense na hora de apresentar a vencedora do programa. Não vou nem comentar o papel patético do júri tentando fazer críticas engraçadas às modelos imitando uma época em que o que faz o povo rir é a absoluta falta de respeito com qualquer outro ser humano. Quanto mais você humilha a outra pessoa, mais a audiência sobe. É mais ou menos como com a Anne Carole. Quanto mais se humilha, mais a coisa sobe. Mas a coisa, neste caso, não se chama audiência. Se chama Pepinão ou Rolinha, depende de onde está apontando.

Onde eu estava? Ah, sim, no sofá da sala lambendo um pirulito.

Não vou nem comentar o nível intelectual das conversas entre as modelos, porque isso seria muito óbvio. Não vou nem comentar a cara de decepção e glória que elas faziam com a classificação ou desclassificação do programa. E achando que são totalmente diferentes das misses, aquela coisa kitsch...

Por outro lado, não vou nem comentar que a Twiggy estava no júri. E eu alternava ondas de felicidade quando pensava em quem ela é e em como foi linda, e ondas de tristeza em pensar que ela estava participando daquele espetáculo degradante de nudez humana sem ao menos tirar as roupas. O problema desses programas, queridas, é que eles falam da gente. É uma grande candid camera que a gente pensa que não está participando. Prefiro outros tipos de programa.

Mas falando em ondas, as de felicidade e tristeza foram substituídas por ondas de prazer graças à combinação mística de Anne Carole e seu braço de ferro, pilhas, cinto, pirulito, óleo de amêndoas, cenas do In the Cut e Kim.

Esta é Kim, uma das concorrentes a America’s Next Top Model.

Provando que o mundo está mudando, mesmo que ligeiramente, e que dykes are the new fags. Minha mãe tinha razão, devemos estar na moda.

Espero que ela não se classifique, fique sem dinheiro e seja obrigada a aceitar um emprego degradante e sujo na minha alcova.

LEMBREM-SE SEMPRE, GAROTAS: se ela te ama e quer casar com você, corta!

sexta-feira, agosto 11, 2006

preparem-se.

http://www.youtube.com/watch?v=xq5LboCiWyI

quarta-feira, agosto 09, 2006





Por que tanta braveza a essa hora da manhã?

terça-feira, agosto 08, 2006

Ah, essa Anne Carole me deixa louca, trêmula e gaga, quando aparece armada, mas enquanto ela recarrega sua xotgun, vamos dar uma palavrinha com as meninas, não é?

Tudo começou com um filminho que a gente viu, claro, boas películas me deixam latejante.

D.E.B.S., já ouviu falar?

Angela Robinson, quando estava na faculdade, criou uns quadrinhos sobre um grupo de meninas espiãs. Mas quadrinhos são para dykes e garotos. Muito indie, poucas chances de sucesso.

Depois a coisa evoluiu pra umas animações em flash na internet. Tornou-se mais conhecida, já que segundo uma pesquisa informal realizada por mim mesma enquando embriagada, lúbrica e tentando mijar fora do pinico, 87% das lésbicas são um pouco nerds.

Com a fama dentro da comunidade, acabou ganhando uma grana do Power Up pra fazer um curta sobre estas agentes, as D.E.B.S (Discipline, Energy, Beauty). Uma das atrizes do curta é a Tammy Lynn Michaels, esposa da Melissa Etheridge. Aliás, alguém deveria intervir, ela é muito sapa pra ser chamada de Melissa...

Bom, o fato é que o filminho foi um sucesso tão grande que a Angela acabou recebendo uma grana pra fazer o longa. E você sabe que tem algumas lésbicas que adoram fazer um longa de vez em quando, ainda mais quando pagam pra isso! Pena que nem toda namorada aceite, mas enfim.

O longa também chama-se D.E.B.S e é muuuito engraçado. É a história de quatro amigas que formam um grupo de elite de espionagem, tipo as panteras, e têm que investigar uma bandida extremamente perigosa e muito difícil de encontrar. Elas são acionadas quando a inteligência descobre que esta bandida, Lucy Diamond, vai encontrar-se com uma famosa assassina russa. Nossas amigas espiãs são escaladas para descobrir que plano maligno está por trás desse encontro de forças do mal.

O que elas ainda não sabem é que, no fundo, o encontro não passa de um blind date entre duas mulheres que têm a maior dificuldade de arrumar namorada. Lucy Diamond vive isolada e frustrada tentando se recuperar de um pé na bunda. E a assassina russa só mata gente para poder pagar aulas de ballet. O mundo não é justo com elas.

Entre sainhas xadrez e gravatinhas colegiais, armas poderosíssimas e lesbian drama, o filme fará você rir, trepar e se emocionar. Tem até uma japonesa que fala francês, o que é sempre lubrificante. E mulheres armadas, queridas, no banco imobiliário do amor, uma mulher armada vale por duas daniela sea, uma golfista ativa, a jodie foster de agente do FBI, duas Scully, a companhia de navegação e dois hoteis no Morumbi.

Quando acabou o filme eu disse pra Anne Carole de la Gorge, minha cúmplice erógena coberta de KY, eu disse a Anne Carole com voz sôfrega: darling, por favor, tire seu antebraço daí, vista uma roupinha de colegial, pegue o cinto de bazuca e me faça passar por perigos inimagináveis já!

Agora vejam o filme e com licença, eu sou uma garota má e preciso ser algemada.

quinta-feira, agosto 03, 2006

HIGH ART, HIGH AVA GINA FONDA

E eu disse a Anne Carole de la Gorge, me esqueça por essa noite.

Não, por nada não, nada pessoal, não era nem LBD. Quando eu disse isso até nem imaginava que seria por boas ou más razões. Por tão profundas ou péssimas razões. De qualquer maneira, instintivamente, eu achava que não era a noite certa para lidar com Anne Carole. Suas falangetas. Sua atividade corporal acéfala. Sua concentração pélvica. Tão útil e essencial a nós, enquanto par.

Ia ver High Art. Sabia que era um filme sério. Sexy. Romântico. Bem feito. Quase pioneiro na nova era de filmes lésbicos. Na nova era em que filmes lésbicos são bons e consistentes, na era em que as pessoas entendem dinâmicas lésbicas (sim, honey, elas existem, são totalmente específicas e classificam um tipo de arte, de cultura, de comportamento, não esperneie, não estou com humor para estuprar você intelectualmente agora.)

High Art é um belo filme.

Por várias razões.

o roteiro é bom.
a direção é boa.
a fotografia é boa.
os atores em geral são bons.
radha mitchel é uma atriz impecável, fantástica, incorrigível e original.
ally sheedy provando que eu tinha um ponto.

Ally Sheedy. Em 1985 eu tinha 13 anos e o comportamento começava a se manifestar. Breakfest Club (O Clube dos Cinco, em português) foi lançado. Milhares de meninas caíram de amores por Judd Nelson (sim, na época ele era um rebelde gato), por Anthony Michael Hall (nerd, mas discretamente interessante), por Emílio Estevez (de gang, mas loiro, mitos, símbolos, bla). Pra homem a gente segmenta quando é hétero, né? E todas sentiram-se Molly Ringwald, wasp cheerleader good pretty in pink girlie girl. Menos eu e outras futuras mulheres que escolhem.

Os personagens do clube dos cinco andavam às voltas basicamente com dois enigmas. Como sair da biblioteca sem se matar e como tentar trazer Allison para o mundo dos normais. Allison, a personagem de Ally Sheedy, tímida, nerd, toda de preto, sem muita vaidade, sem ser óbvia, de óculos e com sua própria e incompreendida escala de valores.

No fim, Allison se rende, mas desde aquela época eu tenho a impressão que foi exigência dos produtores. Eu tinha 13 anos e já pensava que uma Allison de verdade não se renderia, não deixaria que simplesmente tirassem seus óculos, passassem sombra verde sobre seus olhos, jogassem seu cabelo para trás, só para dar razão a qualquer homem que não visse a mulher diante de seus olhos, a mulher por trás da maquiagem. Eu era uma pré-adolescente feminista.

A aparência era tão importante nos filmes dos adolescentes dos anos 80. A mesma história sempre se repetia. Ainda é assim? Num episódio da terceira temporada do L Word, há uma festa para angariar fundos pro Max virar homem, pagar os procedimentos todos, enfim, essas coisas (ei, Jazzie, lembra do nosso papo sobre submissão? Hmmm, quase chamei Anne Carole e seu cinto de utilidades...). Bom, nesse episódio há uma festa à fantasia com o tema anos 80. E a fantasia da Jenny é de nerd da escola com óculos fundo de garrafa e tudo! Achei aquilo provavelmente uma das coisas mais geniais de toda a série! Como a gente conseguiu passar por aquilo tudo, todos aqueles filmes, sem desistir, sem achar que, well, vai ver que eles estão certos????

Enfim, divaguei, acabei de tomar uma garrafa de vinho depois de passar 48 horas sem dormir, não sei nem como estou conseguindo escrever... Não sei nem se vou conseguir parar de escrever...

O ponto é: Ally Sheedy. Depois da garota estranha do Breakfest Club, um grande pulo no tempo ignorando todas as outras merdas que ela fez, aterrisamos no Shelter Island (sei la o nome em português) um filme em que ela faz o papel de uma jogadora de golfe (lesbian as a tennis player who sings MPB at a gay bar) que namora uma outra aí interpretada pela Patsy Kensit (perdoem-me a verborragia, mas minha adolescência inteira está vindo à tona, eu tenho uma revista Bizz de 84 com a Patsy Kensit na capa, e vcs provavelmente nem sabem quem ela é...). E antes desse filme cronologicamente, mas sendo que eu vi depois, Ally Sheedy fez High Art.

De qualquer maneira, High Art seria um bom filme mesmo se não fosse lésbico. Mas que também não existiria se não fosse lésbico. Difícil explicar isso estando meio bêbada... Bom, é a história de uma fotógrafa que se apaixona por sua vizinha e fica dividida entre suas duas vidas, a de ontem e a de hoje. E a fotógrafa lésbica é a Ally Sheedy, o que faz muito mais sentido se você tem mais de 30 anos.

Ah, chega. Anne Carole está aqui ao lado do sofá com um Bufferin na mão direita e um tubo de lubrificante na esquerda. Acho que ela quer jogar Jô Ken pô (como se escreve isso?). Vou lá. Espero que ela comece com a tesoura, depois entre com a pedra e eu com o papel.

Para encerrar, amigas, vou citar um outro filme, um clássico do cinema erótico: O Iluminado. Atenção, sufflair, luvas, pilhas e creme hidratante a postos: o amigo imaginário de Danny Torrence era um dedo.

Redrum.

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